Gengivite ulcerativa necrosante (GUN): um guia completo

Como cirurgião-dentista, recebo frequentemente pacientes com queixas de dor intensa na gengiva, sangramento espontâneo e mau hálito persistente. Em alguns casos, ao examinar mais de perto, identificamos uma condição mais agressiva do que a gengivite comum: trata-se da gengivite ulcerativa necrosante, ou GUN, uma forma aguda e destrutiva de inflamação gengival que merece atenção imediata.

Neste artigo, quero te explicar de forma clara e completa tudo o que você precisa saber sobre esse problema, desde os sinais iniciais até as formas mais eficazes de tratamento. Se você está sofrendo com dores na gengiva, halitose ou qualquer outro sintoma relacionado, este conteúdo pode ser o primeiro passo para o alívio que você procura, sob os cuidados de uma equipe profissional.

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O que é gengivite ulcerativa necrosante?

A gengivite ulcerativa necrosante é uma infecção bucal severa, caracterizada pela morte (necrose) dos tecidos da gengiva, especialmente das papilas interdentais – aquela região triangular entre os dentes. Ela é uma forma avançada e extremamente dolorosa de gengivite, muitas vezes associada a um quadro imunológico debilitado, má higiene bucal e altos níveis de estresse.

Essa condição não é nova: já foi conhecida no passado como “gengivite do trincheira”, justamente por acometer soldados em situações precárias de higiene e estresse extremo. Hoje, ainda encontramos casos semelhantes em pessoas expostas a esses fatores de risco, especialmente em ambientes urbanos e em contextos de vulnerabilidade social.

Gengivite ulcerativa necrosante (GUN): um guia completo

Causas da gengivite ulcerativa necrosante

A GUN não é causada por uma única bactéria, mas por uma combinação de microrganismos anaeróbicos, como Fusobacterium, Prevotella, Treponema denticola e outras espécies. Esses microrganismos se aproveitam da fragilidade imunológica e da presença de placa bacteriana para se proliferarem rapidamente.

Entre os principais fatores de risco que observo, destaco os seguintes:

  • Má higiene bucal: escovar mal ou negligenciar o uso do fio dental favorece o acúmulo de placa e a formação de um ambiente propício à infecção.
  • Estresse excessivo: o estresse impacta diretamente o sistema imunológico, diminui a produção salivar e altera o comportamento de autocuidado.
  • Tabagismo: fumantes têm maior propensão a infecções bucais devido à vasoconstrição e menor oxigenação dos tecidos gengivais.
  • Doenças sistêmicas: HIV, leucemias, diabetes mal controlado e outras condições que afetam a resposta imunológica aumentam o risco da doença.
  • Desnutrição e deficiência de vitaminas: principalmente a vitamina C, que é essencial para a cicatrização e defesa dos tecidos bucais.
  • Uso excessivo de álcool: o álcool altera o pH da boca e favorece o desequilíbrio da microbiota oral.
  • Privação de sono e cansaço extremo: fatores que muitas vezes acompanham uma rotina estressante e comprometem a defesa do organismo.

Quais são os sintomas?

Os sintomas da gengivite ulcerativa necrosante são bastante marcantes – e quase sempre levam o paciente a buscar ajuda por conta da dor. Os sinais mais comuns incluem:

  • Dor aguda e constante na gengiva, especialmente entre os dentes;
  • Gengiva muito vermelha, inchada e com aparência de “tecido morto”;
  • Úlceras dolorosas cobertas por uma pseudomembrana esbranquiçada ou acinzentada;
  • Sangramento espontâneo, até mesmo sem toque ou escovação;
  • Halitose intensa (mau hálito com cheiro de decomposição);
  • Gosto metálico na boca;
  • Sensação de febre, fadiga e mal-estar em casos mais avançados;
  • Dificuldade para mastigar ou engolir, devido à dor;
  • Linfonodos cervicais (ínguas) inchados e doloridos.

Muitas vezes, a dor é tão forte que o paciente interrompe totalmente a escovação, o que pode agravar ainda mais o quadro.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da gengivite ulcerativa necrosante é essencialmente clínico. O aspecto visual da gengiva, a presença de necrose nas papilas interdentais, a dor intensa e o sangramento são indicativos bastante claros.

GUNA (Gengivite ulcerativa necrosante aguda)

Em alguns casos, principalmente quando há suspeita de doenças sistêmicas associadas, exames laboratoriais complementares podem ser úteis para ajudar a identificar fatores subjacentes e guiar o tratamento de forma mais eficaz. Esses incluem:

  • Hemograma completo: para avaliar sinais de infecção ou anemia;
  • Teste de HIV: quando há sinais de imunossupressão não explicada;
  • Glicemia e hemoglobina glicada: em pacientes com suspeita de diabetes descompensado;
  • Exames nutricionais: para verificar deficiências vitamínicas.

Qual é o tratamento?

Tratar a GUN exige uma abordagem rápida, cuidadosa e multidisciplinar. A primeira etapa é aliviar a dor e controlar a infecção. Aqui na clínica, seguimos um protocolo baseado nas melhores práticas e evidências:

1. Medicação

  • Antibióticos: o metronidazol costuma ser o mais eficaz por sua ação contra bactérias anaeróbias. Em alguns casos, pode ser associado à amoxicilina.
  • Analgésicos e anti-inflamatórios: para controlar a dor e a inflamação.
  • Bochechos antissépticos: com clorexidina ou peróxido de hidrogênio, ajudam a reduzir a carga bacteriana.

2. Limpeza profissional

Após dois a três dias de tratamento, com a dor mais controlada, realizo uma limpeza criteriosa, removendo o tecido necrótico e as placas bacterianas. Esse procedimento é fundamental para a recuperação dos tecidos gengivais.

3. Acompanhamento e reeducação

  • Reforço com o paciente a importância da escovação correta, mesmo que com escova ultra macia nos primeiros dias.
  • Orientamos o uso de escovas interdentais, quando possível, e o uso contínuo de antissépticos bucais por pelo menos 10 dias.
  • Em alguns casos, encaminhamos para suporte nutricional ou psicológico, principalmente quando o estresse e má alimentação estão envolvidos.

A GUN pode evoluir para algo mais grave?

Sim. Se não tratada, a gengivite ulcerativa necrosante pode evoluir para periodontite ulcerativa necrosante, uma forma ainda mais agressiva que atinge os ligamentos periodontais e o osso alveolar, podendo levar à perda de dentes.

Em pacientes imunossuprimidos, a infecção pode inclusive se disseminar para outras áreas do corpo, tornando-se potencialmente grave. Por isso, reforço sempre: ao menor sinal de dor ou sangramento na gengiva, procure um dentista.

Como prevenir a gengivite ulcerativa necrosante?

Gengivite ulcerativa necrosante (GUN): um guia completo

A prevenção passa por mudanças de hábitos e pelo cuidado constante com a saúde bucal. Como especialista, indico:

  • Escovar os dentes ao menos 3 vezes ao dia com escova macia e creme dental com flúor;
  • Usar fio dental diariamente;
  • Evitar o consumo de cigarro e bebidas alcoólicas;
  • Controlar doenças sistêmicas, como diabetes;
  • Dormir bem, alimentar-se corretamente e manejar o estresse;
  • Visitar o dentista regularmente para limpezas e avaliações preventivas.

Educação em saúde bucal é a chave para evitar esse tipo de infecção; muitos dos casos existentes poderiam ter sido prevenidos com pequenas mudanças na rotina.

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